Com o Real cada vez mais valorizado, assistimos a um aumento gradativo na quantidade de brasileiros que viajam para o exterior, bem como, percebe-se também o aumento de produtos importados nas gôndolas das lojas e supermercados.
Isso parece ser muito bom, não fosse o desequilíbrio do negócio. Viagem ao exterior, gerando empregos e renda lá fora, uma vez que está cada vez mais barato viagens internacionais do que viajar em nosso país. Compra de produtos importados, similares aos produzidos por aqui, também por serem mais baratos (os produtos importados já representam quase 25% do consumo interno).
Culpa dos empresários? Ou será a falta de ajustes internos que nos dariam pelo menos uma condição similar, ou seja, igualdade competitiva tão necessária na atualidade?
É muito preocupante a crescente perda de competitividade dos produtos brasileiros, em parte pela apreciação do câmbio (a China mantêm o câmbio artificialmente desvalorizado para proteger sua indústria), e também pelo elevado e já conhecido ´custo Brasil´, ocasionado principalmente pelas elevadas taxas de juros, dos encargos sociais, dos custos tributários e da falta de infra-estrutura.
Para nos inserirmos num mundo globalizado, é necessário nos adequarmos a essa realidade, caso queiramos participar, não só como compradores, mas também e principalmente, como fornecedores.
Como fazer isso com os elevados custos internos?
Vejamos a Energia Elétrica, por exemplo:
Hoje a EE brasileira é uma das mais caras, é quase o dobro mais cara do que a EE dos EUA, a ponto de ocorrer algo inimaginável. Até pouco tempo atrás, indústrias brasileiras montando filiais nos EUA devido aos custos mais baixos dos insumos, em especial da EE.
Exemplificando: No Brasil, uma indústria que demande 4.000 KW/h de energia no horário de ponta (das 19h às 21h) e fora de ponta (21 horas restantes) vai pagar por mês aproximadamente:
R$ 153.000,00 para trabalhar às três horas por dia do horário de ponta (R$ 2.318,18 por cada hora trabalhada só de demanda), R$ 37.000,00 para trabalhar às 21 horas restantes de cada dia, chamado de fora de ponta (R$ 56,57 por cada hora trabalhada de demanda). Esse é o custo da energia somente para garantir o abastecimento, consumindo ou não. Sobre o consumo ainda pagará 53,60% a mais no horário de ponta.
A explicação dada é que no horário de ponta há excesso de consumo e por isso cobra-se mais caro. Pergunta-se: O que a indústria tem a ver com isso? Como parar a fábrica nesse período? O que fazer com os colaboradores? E no horário da madrugada, quando sobra energia, porque não há benefício para quem usa e gera empregos neste horário?
Jamais seremos competitivos globalmente se mantivermos tão elevados nossos custos paroquianos. Neste caminho, muitos terão que apagar as luzes de suas fábricas.
Fonte: FACIAP